por CA Ribeiro Neto - Twitter
coluna: Da nossa opção por voar
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Magnífico é olhar para a cidade atual e imaginar o seu passado: com seu bode de café em café, seus pastéis com caldo de cana, suas várias gerações de idosos nos bancos das praças a observar quem passa. O que há de diferente no Centro da cidade? Lá é democrático, não há regalias e, ao mesmo tempo, cada pessoa essencialmente é singular. Cada ser vivo que anda pelo Centro de Fortaleza tem uma história de vida que valeria a pena escutar. Algumas, lê-se toda a vida na expressão facial; em outras, precisamos de alguma dica, como por exemplo, o que pensar da vida de uma senhora, de seus 50 anos, vendendo abacaxi descascado espetado num palito com uma blusa estampada com a frase: ‘YOU ARE NOT YOU’?
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Antes das eleições municipais, só asfaltar ruas e maquiar buracos já não são suficientes para garantir a reeleição. Faltando três meses para o dia da votação, o prefeito manda ajeitar as pracinhas da cidade, colocando grama que durará 4 meses, playground para as crianças e equipamentos de academia para os idosos. Desde então, toda noite crianças brincam no playground e na academia. Toda manhã, vovôs e vovós se exercitam na bicicleta ergométrica, na gangorra e no escorregador.
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Dona Laurinda, 69 anos, vê com indiferença todas as reuniões dos filhos para decidirem como será sua próxima festa de aniversário. Um quer uma viagem para a Europa com toda a família; outro, uma festa para 500 pessoas, num buffet da cidade; um sobrinho-neto sugeriu algo mais simples, devido à crise: uma feijoada completa e com muita cerveja no terreiro da casa. Depois de tanto bate-boca e confusão, a senhora se levanta e sai andando vagarosamente. Todos se calam, percebendo a algazarra que estavam fazendo. De longe, ela chama o neto mais velho e pergunta: “Quanto custa pular de paraquedas?”
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