quinta-feira, 7 de maio de 2015

Há vilões e heróis entre nós



por CA Ribeiro Neto


Zé Donato, 26 anos, sua barba cresce rapidamente e é bem espessa. Cultiva-a com orgulho, apara as pontas, passa xampu e creme. Leva sempre no bolso traseiro da calça um pentezinho para pelos faciais. Até começar um namoro com uma garota que “prefere sua cara lisinha” ou, pior, “sente cócegas com a barba pinicando seu pescoço”. Bem, a vida é feita de alguns sacrifícios. Triste fim da barba do Donato.
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Marisa, sem dificuldade, decidiu focar nos estudos. Ser médica é a concretização de seu sonho: ajudar pessoas. Numa república onde todas as meninas só falam sobre namorados; numa cidade onde quase toda casa é república; numa região de colonização italiana onde quase todos os pobres moradores locais são de olhos verdes; deveria ser difícil manter a promessa. Mas não foi, até conhecer Plínio, depois da missa. Ficaram amigos, olharam-se nos olhos, e decidiram juntos: foram praticar solidariedade na comunidade. Sonho realizado.
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Ari está sem sono de novo e o único remédio que ele conhece é caminhar pela cidade. Era duas horas da manhã e o vento lá fora parecia cortar ossos. Botou um jeans e uma blusa xadrez manga longa. Calçou um chinelo. Encontrou uma moça caída no chão. Perguntou o que tinha acontecido e ela não respondeu. Contudo, ela chorando muda, e com sangue nas coxas, na blusa em trapos, ele entendeu. Ajudou-a e a levou ao hospital. Só foi pra casa quando a deixou na casa dela. Salva. Agora consegue dormir.

2 comentários:

Leco Silva disse...

Adorei, CA!
E olhe... reagi.

Mais explicações em outro comentário.

CA Ribeiro Neto disse...

É bom saber que meus retalhos fazem alguém reagir!