quarta-feira, 3 de junho de 2015

Versos que sondam o insondável

Coluna: Hipermetropia

Para muitos não é novidade a fé que professo, muito embora ela seja sempre nova para mim. Falar em poesia do incompreensível é simplesmente fascinante. Ao menos para mim. Afinal, mesmo antes de encontrar-me com a Verdade, sem saber, tentando entender o ser, era o infinito eterno que eu procurava.

Seguem abaixo dois textos. O primeiro é uma modesta reflexão minha sobre Aquele que é. O segundo, um dos tesouros carmelitas: poesia de São João da Cruz. Este santo que, apesar de perseguido até por irmãos da congregação, jamais perdeu o sereno verso e fez com que a arte nos apontasse uma resposta, ainda que ela não soubesse, como diz Oswaldo Montenegro no meio de suas metades.

Poema I: Ser

Nem sempre foi
Nem sempre será
Nem nunca será
Nem nunca foi
É


Sempre foi
Sempre será
Nunca será
Nunca foi
É

Foi
Será
Será
Foi
É




É



Pedro Gurgel Moraes
Aluno da Escola da Vida
Amante da Mulher Mais Bela
Navegador dos Mares dos Sonhos
Sob o Olor do Lírio e a Luz da Estrela




Poema II: Romances Cristológicos e Trinitários

Como amado no amante
um no outro residia,
e esse amor que os une,
no mesmo coincidia
com o de um e com o de outro
em igualdade e valia.
três pessoas e uma amado
entre todos três havia;
e um amor em todas elas
e um só amante as fazia,
e o amante é o amado
em que cada qual vivia;
que o ser que os três possuem,
Cada qual deles o possuía,
e cada qual deles ama
à que este ser recebia.
Este ser é cada uma
e este só as unia
num inefável abraço
que se dizer não podia.
pelo qual era infinito
o amor que os unia,
porque o mesmo amor três têm,
e sua essência se dizia;
que o amor quanto mais uno,
tanto mais amor fazia.

São João da Cruz

Um comentário:

CA Ribeiro Neto disse...

Esse teu poema eu já sei até decorado! hehehehe

Mas poema é inquietação e a temática que incomoda cada um é o assunto de seus poemas.