sábado, 15 de agosto de 2015

O Medo

por: Sandra Alencar


Coluna: Frêmito

No escuro dessa madrugada, tive medo do que não conheço. Medo do que não existe, medo do próprio medo.  

No brilho intenso dessa manhã sem vida, tive medo de mim, dos meus desejos. Dessa tensão do meu corpo no teu, medo de te amar demais e de te amar de menos.

Encarando esses corpos sem face que me perseguiram ávidos por todo o dia, tive medo de não entender o enredo antes do fim da história. De me perder de mim e de você.

O medo do vazio que temos e preenchemos com certezas mórbidas e equivocadas. Medo profundo e cortante de ter coragem de confessar meu medo.

O medo paralisa a alma e enegrece o espírito. Mas nos lembra da matéria do que somos feitos. Lembra-nos da morte eminente e da urgente necessidade de ser feliz.

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