por Marcos P. S. Caetano
Coluna: Praia do Futuro
Coluna: Praia do Futuro
Resolvi que te escreveria por
meio de versos
Pois, por eles me derramo com
mais vontade.
Neles tenho mais amor, ódio, vida
e saudade.
Neles percorro galáxias, num
deles o universo.
Devo, de antemão, pedir-te
desculpas, perdão.
Por este meu tempo de angústia,
pela demora,
Se não escrevi deveria de estar
mudo o meu coração
Mas ele há de falar, nem que seja
para morrer agora.
Falará nem que se fale da própria
morte
E pela tristeza não sei se em vão
se foram os dias
Na palavra há esperança e há
corte
Na epiderme da alma, lentamente.
Sangraria?
Sangraria se a palavra adentrasse
as entranhas?
Ah! Se o poeta dissesse o que
quer... Mas não!
Para o silêncio, o necessário,
toda palavra é estranha.
E o grito não tem fôrma, nem
forma, não é pão,
Que os dedos peguem com desejo, e
a boca devore.
E que nos mate a fome de
descanso, que nos molhe,
Nos molhe das águas de
entendimento, de vazão,
Das águas da nossa sede que nos
transborda.
Abrem-se as janelas, mas se fecha
a porta.
Queria, por meio desses, dizer-te
alegrias.
Tapar o vazio que me disseste
Dizer sorrisos. Imagino como
ririas.
Contudo, em mim há demônios,
sete:
Dor, tristeza, melancolia,
Cansaço, desassossego, solidão,
Há sorriso pulsando na
desalegria.
São sete demônios que não se vão.
Mas há cicatriz sem nome nesse
corpo
Tatuagem negra de sentimento
Se o amor é linha reta do
firmamento
O meu é feito onda do mar, é
torto.
Pois para beijar meu amor, meu
coração,
Há de se beijar sete demônios com
paixão.
Um comentário:
Alimentando nosso desespero com versos. Amei!
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