por Maria Freire
Coluna: Nada é por acaso
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É muito comum termos a sensação de que não pertencemos a lugar nenhum. E isso é uma sensação estranha. Não se sentir pertencente a algum lugar pode nos trazer algum desconforto diante da vida porque muitas vezes nos sentimos excluídos e passamos a acreditar que não temos espaço nesse mundo.
E hoje tenho pensado muito sobre esse assunto porque sempre me senti diferente dos outros e com certa frequência sinto que não estou no lugar certo e muitas vezes sou tomada por uma sensação de que pertenço a uma outra época e de ter vivido um tempo que não conheci. Sinto até saudades de coisas que não aconteceram.
Diante desse sentimento, só me resta concordar com Drummond: "A saudade do que não existiu é uma projeção do que poderíamos ter vivido, mas não vivemos; por algum vacilo pessoal ou armadilha do destino - não importa, apenas não vivemos, e não viver o que poderia ter sido vivido dói, muito".
Há momentos em que me considero uma “velha” em relação às pessoas da minha idade. Gosto de roupas, músicas, filmes, fotografias, entre outras coisas antigas. Tudo isso me faz refugiar em um cenário particular de uma vida que eu queria ter vivido.
A ideia de não pertencimento me faz acreditar que tenho um formato diferente e que não me encaixo nesse mundo. E por isso sigo desesperada à procura de um lugar que não encontrarei. Não encontrarei porque estou presa aos mesmos pensamentos e fazendo as mesmas coisas.
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