por CA Ribeiro Neto - Twitter
coluna: Da nossa opção por voar
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Todo dia uma nova tentativa: dormir cedo; para conseguir acordar cedo; e começar a caminhada. Mas como conseguir se, na cama de casal, ele ainda só dorme de um lado; se ele cortou a cafeína, porque, na verdade, ele só gosta do café que ela fazia; se, ao caminhar pela rua, todos o olham como apenas uma das peças do casal que eram. Todo dia ele tenta e, mesmo sem saber viver sem ela, ele vai vivendo. Num dia chuvoso como eles gostavam, a campainha toca. Em seu passo vagaroso, demorou, mas abriu a porta: uma criança foi deixada em sua porta. Olhou prum lado, olhou pro outro e avistou um vulto de mulher vestida de azul e branco já bem distante.
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Ernesto já empurrava dois meses de aperto. Tudo aumentando, salário congelado, novas dívidas borbulhando. Chega quinta-feira, os suspiros de cansaço já se confundem com os de ansiedade pela chegada da sexta. Dois reais na carteira. Reunião tensa às duas da tarde. Por pouco não disse nem escutou o que não devia. Antes do expediente acabar, um som ao fim do túnel. Sabrina lhe liga, convidando-o para uma caranguejada a dois, tudo por conta dela. Até quis recusar, mas ela esclareceu que ele não tinha duas opções de escolha.
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