terça-feira, 13 de setembro de 2016

Ao Papa Francisco

por Alex Costa - Facebook


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Francisco, meu amado,

Aqui quem fala é um protestante. Estou te escrevendo não para lançar crítica, criar polêmicas ou alimentar ainda mais essa rixa velada que existe entre católicos e protestantes desde tempos passados, não é isso. Escrevo somente para, como cristão, amigo e irmão por parte de Deus, te levar a repensar em umas afirmações que tu tens feito, cara, te dar uns conselhos. Você está errado. 

À priori eu fiquei sem entender esse pedido surreal de a igreja “dever pedir desculpas aos gays”. Na verdade, entendo que você simpatiza com esse público, mas pedir desculpas não seria exagero? Sei que se nós olhamos para a História teremos uma assustadora visão do que fizeram com homossexuais [inclusive em nome de Deus] ao longo do tempo: tratamentos com tortura, choques elétricos nos testículos, encarceramento, método Pavlov e exclusão social. 

Mas, entenda, meu amado irmão, tudo isso foi necessário para manter a ordem moral e ética, ensinamentos dados pelo nosso Deus, que criou apenas homem e mulher – não aberrações. Sei que devemos amar a todos e que o papel da igreja é de acolher a quem a procurar, sem julgamentos e sempre de coração aberto, isso eu entendo, mas você querer que eu ame e ainda por cima peça desculpas a um bando de veados afeminados e aidéticos é exagero de sua parte, ai não, sinto muito em lhe dizer, mas você está errado.

Meu amigo, peloamordedeus, que história é essa de comissão para fortalecer o papel da mulher na igreja? De onde tu tiraste essa maluquice? Sei que decerto deves estar pensando isso para a tua igreja, mas tu já imaginaste se isso se alastra e abarca a minha também? Já pensaste que loucura sem tamanho!? “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição” [1 Timóteo -2:11]. Vês, o próprio apóstolo falou isso! Como assim fortalecer as mulheres? 

Sim, sei também que a História nos mostra as vozes das mulheres sendo abafadas pelo sistema patriarcal, que matou supostas bruxas, livres prostitutas e rebeldes contra ele, o sistema, que sempre imperou, mas é inegável que a mulher é culpada por toda a desgraça do homem, ah, isto é! Olha para o Éden, vês? Não importa se todas as guerras que mataram milhões de pessoas e dizimaram [também em nome de Deus] outros milhares de povos foram todas feitas por homens, não importa se queimaram Joana D’arc e o escambau: mulher, NÃO! Sei que sentes um apreço especial por elas, mas fortalecer o papel delas [que já está de bom tamanho sendo esposa-submissa] e ainda criar comissão para isso, ai não, sinto muito em lhe dizer, mas você está errado. 

Por fim, peço encarecidamente que pares de imediato com o teu mais perigoso discurso, homem: chega de pregar tanta Caridade! Desde que o mundo é mundo existe pobre e rico, existe criança morrendo de fome e afins, isso é natural, entendes? Sim, eu sei que a igreja deveria olhar mais para os necessitados e favelados que morrem de fome em cima do nosso nariz, mas isso a gente deixa pra depois, homem! Mês que vem tem retiro na minha congregação, congresso de jovens e adolescentes e ainda estou na organização de um louvorzão a 10,00 reais a entrada. Definitivamente, não dá! 

Os dízimos que recolhemos, meu Deus! Quase não dá para os nossos gastos pessoais e despesas com o templo do Senhor, precisamos até vender uns artigos gospels e fazer uns sorteios aos finais do culto para cobrir [embora o próprio Jesus tenha certa vez expulsado uma galera que fez, do templo, mercado]. Enfim, já imaginaste se, com todo esse discurso teu de caridade, minhas ovelhas decidem não mais dizimar e distribuir caridades entre os pobres? Ora, ainda mais essa! Olha, Francisco, começo a achar às vezes que tu és mesmo comunista! 



Vês, entendes por que se torna tão difícil o diálogo contigo? Vês por que não te reconhecemos como autoridade, homem? Pensa mais em ti, para de preocupações outrem, o mundo é melhor do jeito que está, não queiras ter a audácia de mudá-lo, de me tirar desse lugar de conforto, não sou como tu que trocas fácil uma poltrona de ouro por cadeira simples. Comunista, comunista! Chamo-te assim porque é assim que gente como eu, que mesmo sem saber o que diabos é esse sistema, chama essa galera igual a ti, que quer fazer essas coisas assim, essas coisas de bem, que eu deveria estar fazendo também – mas me abstenho, pois não me convém.

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