quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

De tanto...

por: Sandra Alencar
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Coluna: Frêmito


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Morro de tanto passado, o ar que respiro me sufoca,
Minhas mãos sangram de tanto bater na porta,
De tanto me explicar, não entendo nada.

Busco esses olhos que já foram fortes,
Que carregaram firmes o peso da esperança,
E percorrem o curto trajeto até a morte.

A fome dessa vida corroeu minha garganta,
A sede desse deserto apodreceu-me o corpo,
Matei com as próprias mãos essa criança,
E carrego a lembrança do meu rosto morto.

E de tanto sangrar, perdi o tempo,
E de tanto querer, não vivi nada,
E de tanto lutar, morri de medo,
E de tanto correr, fiquei parada.

E agora procurando algo de resto,
Deixo apenas o coração aberto,

E os olhos a fitar o céu, paralisada.

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