Coluna: Frêmito
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Morro de tanto passado, o ar que respiro me sufoca,
Minhas mãos sangram de tanto bater na porta,
De tanto me explicar, não entendo nada.
Busco esses olhos que já foram fortes,
Que carregaram firmes o peso da esperança,
E percorrem o curto trajeto até a morte.
A fome dessa vida corroeu minha garganta,
A sede desse deserto apodreceu-me o corpo,
Matei com as próprias mãos essa criança,
E carrego a lembrança do meu rosto morto.
E de tanto sangrar, perdi o tempo,
E de tanto querer, não vivi nada,
E de tanto lutar, morri de medo,
E de tanto correr, fiquei parada.
E agora procurando algo de resto,
Deixo apenas o coração aberto,
E os olhos a fitar o céu, paralisada.
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