Hermes de Sousa Veras
Ligeiramente sombrio. No mais, consideravelmente feliz e tropical.
Coluna: Etnoliteratura
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Sou homem manso. Mas o instinto e a natureza jamais saíram de mim. Minhas finas mãos, os traços flácidos e músculos sem utilidade não foram o suficiente para calar a voz do vento, o medo do mar. A voz do mar não foi apenas chamado, e sim música que foi chegando aos ouvidos, penetrando na pele.
Foi quando deitei os olhos nas verdes margens. O cheiro de peixe mar sal suor. Ao ver o corpo treinado dos pescadores, sua malícia e força, percebi o quanto era diferente. Esses homens nasciam no mar, sobreviviam no mar, procriavam para o mar, morriam no mar.
É doce morrer no mar? Seguir a sua voz seria a morte. Não sei nadar, não sei sobreviver.
Porém, a força da maré supera a razão. E em matéria de encanto, o mar não deixa margem para hipóteses.
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