segunda-feira, 27 de março de 2017

O famigerado “amor verdadeiro”

por Maria Freire


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Recentemente comprei um livro em um sebo e nesse livro havia uma declaração e juramento de amor eterno. Ao deparar-me com aquele declaração, indaguei-me se aqueles que juraram amor eterno ainda estariam juntos. Diante de uma possível resposta negativa, me peguei pensando se existe de fato amor verdadeiro.

Em meus próprios esforços para processar a ideia de amor verdadeiro, vejo nitidamente que a palavra "amor" caiu na banalização. Constantemente nos jogamos ao redor de referências ao “amor”. É só acessar as redes sociais para dar de cara com declarações de amor aos montes. 

Mas o que é exatamente o amor verdadeiro para as pessoas? Sério. Eu não faço isso como uma pergunta retórica. Eu adoraria saber como as pessoas definem o amor verdadeiro e como o separam de outras formas de amor romântico.

Para muitas pessoas o verdadeiro amor acontece uma vez. Muitas vezes a expressão "amor verdadeiro" é precedida pela palavra "um". Somos, na melhor das hipóteses, uma espécie monogâmica em série. Mas é de conhecimento de todos que a maioria de nós vai amar mais de uma pessoa em nossas vidas. Mas qual dessas experiências é o único amor verdadeiro? 

Muitos acreditam que o verdadeiro amor é mútuo. Se você nunca esteve apaixonado por alguém que não o amou de volta, está perdendo uma experiência humana profunda. E está numa relação profundamente miserável. A maioria de nós concordaria que o amor não correspondido é ordinário. Muitas pessoas tomaram decisões importantes na vida com base em sentimentos que não eram totalmente recíprocos.

Parece-me míope descartar esses sentimentos como menos legítimos do que sentimentos que foram devolvidos porque, mesmo em relações mutuamente amorosas, o investimento individual no relacionamento nem sempre é perfeitamente igual.

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