O
e-book não acabou com o livro impresso, mas também não era moda. E assim como
judeus e palestinos querem morar na mesma terra, esses dois precisam viver
juntos. A questão aqui é entender como podem se completar.
No
livro Não Contem com o Fim do Livro, Umberto Eco e Jean-Claude Carriere acalmam
os ânimos dos fervorosos de cada lado, inclusive, explicando detalhes
interessantíssimos como a importância do livro impresso em nosso cotidiano. Por
exemplo, nos filmes ocidentais, ao filmar paisagens, geralmente a câmera gira
da esquerda para a direita, mesmo sentido da leitura e escrita do costume
ocidental e o inverso acontece no oriente, com literatura e cinema seguindo o
sentido oposto.
O
curioso desse tema é que nenhuma previsão se confirmou. Nem os livros acabaram,
nem ao menos os preços baixaram. Dessa convivência não surgiu concorrência –
livros e e-books se fortificaram entre seus seguidores. Tem quem não pode ler sem sentir o cheiro e tem quem prefira contar com detalhes tecnológicos na leitura. O que nasceu daí foi a
liberdade de inovação. A invenção do novo tipo de publicidade em cima das
publicações. E então, as editoras, aqui no Brasil, sempre tão tradicionais, se
viram na obrigação de repensarem sua forma de vender.
Outra
curiosidade é que, se no mundo dos impressos, existe a livraria megastore
(arrumadinhas, limpinhas e cheia de novidades) e os sebos de bairros
universitários (de peculiar organização, as vezes empoeiradas e cheia de
raridades), no mundo virtual há também a venda de e-books de grande qualidade
editorial e a disponibilização de PDFs tão cara de Word, que parecem empoeirados também. O site
Domínio Público tem um catálogo vastíssimo, lindo de se ver, mas sem qualquer
senso editorial. Acabam sendo edições que não atraem possíveis leitores
iniciantes ou tentativas de rotina de leitura.
Aí
vem uma das grandes verdades que ninguém previu. Leitores não se importam em
pagar. Já ouvi pessoas falando que preferem pagar por uma boa edição de um
e-book de Machado de Assis, do que baixar um de graça sem editoração. Se os
clássicos sofrem com isso, com os livros atuais acontece o inverso. Só tem a
versão da editora.
Porém
– agora vai a dica que inspirou esse texto – tem um site muito legal que
disponibiliza vários livros recentes de graça e em vários formatos, dependendo
do seu leitor: PDF, ePUB, MOBI etc.
Não
vai ter TODOS os livros publicados no mundo, mas eles capricham na variedade e
em manter o trabalho editorial do livro impresso. Ah, e espero que ele dure
bastante!
Um comentário:
Gostos de seus textos. São interessantes e bem escritos.
Neste, em especial, gostei da referencia à obra de Eco
e Carrierre.
Mas acho que vc poderia ter citado algumas curiosidades
a respeito do mercado de e-books,
como as primeiras tentativas,
ainda nos anos 90, de autores Best Sellers,
como Stephen King ou Paulo coelho.
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