terça-feira, 31 de março de 2015

A batalha literária: impressos vs e-books?



O e-book não acabou com o livro impresso, mas também não era moda. E assim como judeus e palestinos querem morar na mesma terra, esses dois precisam viver juntos. A questão aqui é entender como podem se completar.

No livro Não Contem com o Fim do Livro, Umberto Eco e Jean-Claude Carriere acalmam os ânimos dos fervorosos de cada lado, inclusive, explicando detalhes interessantíssimos como a importância do livro impresso em nosso cotidiano. Por exemplo, nos filmes ocidentais, ao filmar paisagens, geralmente a câmera gira da esquerda para a direita, mesmo sentido da leitura e escrita do costume ocidental e o inverso acontece no oriente, com literatura e cinema seguindo o sentido oposto.

O curioso desse tema é que nenhuma previsão se confirmou. Nem os livros acabaram, nem ao menos os preços baixaram. Dessa convivência não surgiu concorrência – livros e e-books se fortificaram entre seus seguidores. Tem quem não pode ler sem sentir o cheiro e tem quem prefira contar com detalhes tecnológicos na leitura. O que nasceu daí foi a liberdade de inovação. A invenção do novo tipo de publicidade em cima das publicações. E então, as editoras, aqui no Brasil, sempre tão tradicionais, se viram na obrigação de repensarem sua forma de vender.

Outra curiosidade é que, se no mundo dos impressos, existe a livraria megastore (arrumadinhas, limpinhas e cheia de novidades) e os sebos de bairros universitários (de peculiar organização, as vezes empoeiradas e cheia de raridades), no mundo virtual há também a venda de e-books de grande qualidade editorial e a disponibilização de PDFs tão cara de Word, que parecem empoeirados também. O site Domínio Público tem um catálogo vastíssimo, lindo de se ver, mas sem qualquer senso editorial. Acabam sendo edições que não atraem possíveis leitores iniciantes ou tentativas de rotina de leitura.

Aí vem uma das grandes verdades que ninguém previu. Leitores não se importam em pagar. Já ouvi pessoas falando que preferem pagar por uma boa edição de um e-book de Machado de Assis, do que baixar um de graça sem editoração. Se os clássicos sofrem com isso, com os livros atuais acontece o inverso. Só tem a versão da editora.

Porém – agora vai a dica que inspirou esse texto – tem um site muito legal que disponibiliza vários livros recentes de graça e em vários formatos, dependendo do seu leitor: PDF, ePUB, MOBI etc.


Não vai ter TODOS os livros publicados no mundo, mas eles capricham na variedade e em manter o trabalho editorial do livro impresso. Ah, e espero que ele dure bastante!

Um comentário:

Alex Sampa disse...

Gostos de seus textos. São interessantes e bem escritos.
Neste, em especial, gostei da referencia à obra de Eco
e Carrierre.
Mas acho que vc poderia ter citado algumas curiosidades
a respeito do mercado de e-books,
como as primeiras tentativas,
ainda nos anos 90, de autores Best Sellers,
como Stephen King ou Paulo coelho.