Hermes de Sousa Veras
Cearense em devir-amazônia. Dizem que ficou sombreado na mata e voltou falando sobre profecias de fim de mundo.
Coluna: Etnoliteratura
– Essa terra é abençoada. Tanto lugar precisando de chuva, e aqui, em pleno verão, essa água toda.
– Pois num é – esse era o elemento do diálogo que se interessa escassamente e apenas confirmava, salvando o outro do monólogo.
– O caboco tá com fome, pega uma manga e come com farinha.
– É abençoada mesmo.
– Mas também, em que Estado estamos?
– Estado do Pará.
– Não, que Estado, que cidade é essa? – o álcool tanto ludibria quanto inspira.
– É Belém.
– Então. Em que cidade nasceu Jesus?
Ébrio, porém, sóbrio para questões teológicas, respondeu, quase inefável:
– Belém de Judá.
– E estamos em Belém do Pará. Abençoados!
4 comentários:
Deu pra visualizar toda a situação e teu olho de curioso!
Ora! Conclusão mais do que óbvia e lógica. E tenho dito! Pará e seus jesuses abençoem o resto do Brasil
1. Espero que tenha conseguido perceber que o corpo inteiro entrou nesse empreendimento, sendo a audição essencial também!
2. Gostei do "jesuses" a proliferar forças pelo Brasil!
Às vezes penso que há sutilezas no humor que ninguém suspeita. Hermes, adorei o diálogo!
Fábio.
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