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Coluna: Pensinto, logo existo
Mostra-me que roupa tu
usas e eu te direi quem tu podes ser.
A aparência é e sempre foi
definidora (e definida a partir) de comportamentos, crenças, posições sociais,
preferências musicais, etc. Querendo ou não, ela é importante e é marca forte
que influencia nas relações pessoais. Em alguns casos, fazemos de tudo pra
mantermos as aparências – o que, eu sei, é diferente de manter a aparência (no
singular) legal, apreciável, mas de alguma forma um significado se aproxima do
outro.
Aliás, uma aparência apreciável
e legal pra uma pessoa, que vê ou que é vista, pode muito bem não ser pra
outra. Muitas vezes (e muitas vezes mesmo), tiramos conclusões só a partir da
aparência, da roupa que uma pessoa usa, do modo como ela se veste. Isso não
acontece à toa, é claro. Afinal, a aparência é realmente definidora de muita
coisa. A roupa diz muito de quem a veste. Muitas são as tribos musicais, por
exemplo, que são facilmente identificadas apenas pelas roupas que seus
integrantes costumam usar.
A frase acima é fruto justamente
de uma reflexão sobre a força e a importância que a aparência e a roupa
possuem. E mais uma vez, ela, a frase, parte de um caso particular (eu) e busca
casos universais.
Pelo menos no uso de roupas, e
pelo menos conscientemente, nunca fiz parte de uma tribo, de um grupo, de modo
que, se alguém batesse o olho em mim, diria sem medo de errar: “ah, tu é...”. Muito
pelo contrário. Muitas foram as vezes que, pelo meu modo de vestir (que com
certeza é classificável e se encaixa em alguma coisa), pensaram que eu era uma
coisa que eu nunca fui ou se espantaram por eu ser o que sou ou gostar do que
gosto e me vestir assim. Para alguns, simplesmente não bate, não combina. Daí o
título, que acompanha a frase e nesse caso (senão em todos)
é muito importante.
Falando mais especificamente,
muitos se espantam por eu gostar de rock ‘n roll (em praticamente todas as suas
vertentes) e, pasmem, me vestir assim! Como pode eu me vestir assim, tão...
descaracterizado?! Entre outros exemplos.
O fato é que, admitindo ou não,
talvez eu pertença sim a um grupo (dos professores? dos estudantes de Letras?
dos leitores? dos seres humanos?), ainda que não tão facilmente identificável
pelo modo como eu me visto.
Um comentário:
Frequentemente nos pegamos fazendo associações absurdas. Lembro quando estava no terceiro semestre, acho, de Ciências Sociais. E embora hoje me considere de "esquerda", em sentido lato mesmo, como canhoto e de pensamento torto, um aluno, meio imbecil, meio otário, olhou para mim, que estava de barba e camisa vermelha, e disse: Esses teus amigos comunistas do Centro Acadêmico, são teus amigos, tu é comunista, né, tu é comunista né? Tá com barba e de vermelho". Barba, vermelho, Ciências Sociais, e detalhe, eu não andava com "eles", apesar de não ter também nenhum problema se andasse.
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