por CA Ribeiro Neto
coluna: Da nossa opção por voar
Murilo desceu as escadas do prédio
com pressa, seguiu pro trabalho pensando o que iria querer e onde iria comprar
o desjejum. Entrou num boteco e pediu a média com um pão tostado. Quando de
repente entrou no boteco uma senhora, por volta dos 60 anos, esmolando. Na
hora, Murilo se lembrou da tia, sua mãe de criação. Era muito parecida, no seu
modo de andar e mexer a cabeça. Lembrou que sua tia tinha o costume de comprar
pães a mais para dar aos pedintes que iam de casa em casa. Pagou uma média com
pão pra senhora. Foi para o trabalho com a garganta travada: não dá mais pra
ligar pra tia.
_______________________
Parecia que o mundo iria
explodir, e o epicentro da explosão será a firma que Sandra trabalha. Tudo de
errado parecia estar acontecendo ao mesmo tempo e já não dava mais para
escolher qual era mais prioridade. Por um segundo, baixou o rosto até as mãos
encostadas na mesa. Quando sente algo em seu cabelo – um bilhetinho: “Cheira a
flor, assopra a velinha! Inspira e expira, que vai dá certo!”.
_______________________
Menino Chico era filho de seu
Chico, até que Iemanjá quis o mestre jangadeiro perto dela. E Menino, que
adorava o pai, ficou numa casa cheia de mulheres, aos 6 anos. Todo dia de pesca
era a mesma coisa, Menino Chico sumia de casa de madrugada e sempre o
encontravam no topo das dunas, vendo as jangadas velejando no terral. A mãe
ficava preocupada, não queria perder outro dos seus pra Rainha do Mar. Um dia,
Maneco chegou à casa deles e falou que Menino Chico pedira para que ele o
ensinasse a pescar, mas só o faria com a autorização da mãe. Ela olhou pra foto
do finado e disse: “que se faça o gosto do pai”.
2 comentários:
Nos dias atuais eles não seriam considerados minicontos! Tá mais pra um épico. Já já nossos contos terão dois ou três períodos curtíssimos. Acho isso ruim não...
Gostei dos contos. Mais ainda do último.
Realmente, tudo é uma constante alteração.
obrigado, amigo!
Postar um comentário