por Danilo Maia
Coluna: Faça [P]arte de tudo
Esta
história deveria ser uma ficção científica. Porém, por falta de recursos para
bancar todos os computadores com luzinhas e *bips*, naves e robôs, tiros com
armas lasers, logo foi descartada tal possibilidade. E eu não quero fingir que
o elemento humano é o mais importante do que toda a parafernália só porque não posso pagar por isso. Queria sim, uma ficção de ponta!
Sem
grana, sem pirotecnia, sem história.
Daí,
eu resolvi ir para o terror. Possessão, demônios e afins, não dá. Sou católico
demais!; Usar crianças me dá nos nervos; Zumbi, nem pensar!! Tenho um nojo
danado daquele povo caindo aos pedaços. Sem contar a parte do canibalismo
[S’eles já não são mais seres vivos, é correto ainda considerar tal ação como
canibalismo?!]; Palhaços-monstros é uma coisa que não se deve fazer. Palhaços
são felizes, gente. E nos deixam felizes também!
Histórias
em casas sempre rendem bons sustos. Só que a cada quarto ou curva do corredor
dentro da casa, ia me dar um nervoso. Sabe aquela prévia do susto que ‘cê sabe
que vai levar, se prepara pra levar e mesmo assim, salta da cadeira de tão
forte que é o susto? Pois é. Sem chances, sou cardíaco. Eu morro de medo e
sabia que não ia passar da linha dois.
Mais
uma vez, ideia abortada.
Uma
história de amor seria legal. Mocinho popular e destemido enfrenta tudo e todos
só para ficar com mocinha indefesa.
Mas
quando você analisa bem, parece uma coisa meio obsessiva da parte do cara. Esse
lance de “destemido”, na verdade, é um eufemismo para um sujeito bully, psycho
e stalker [perdoem-me por todos os termos em Inglês!]. Logo, não tenho certeza
s’esse cara é tão “mocinho” assim. E a mocinha, coitada, coagida por uma pessoa
dessas, se sujeita a viver uma relação abusiva, opressora e tudo o mais. Tudo
em nome de um romantismo que deveria ter ficado lá com Shakespeare. S’ela tiver
lido os livros certos, nem é indefesa, vai dar um pé na bunda desse sujeito e
correr atrás da felicidade dela como melhor lhe convém. Sei lá, sendo uma
empresária de sucesso, namorando outras pessoas [garotos e garotas ou quem ela
bem entender!], tendo um filho sem precisar de um marido ou não tendo filho
coisa nenhuma!, ou só vivendo a vida como achar melhor. Portanto, nada de
juntar esses dois. Cara mais obsessivo, gente...
Talvez,
algo erótico. Um quarto e um casal. Uma música suave, vento balançando as
cortinas semitransparentes, o som da pele roçando nos lençóis de seda, gemidos
e toques... Tudo em busca de um gozo transcendental. Mas eu só sei escrever
pornografia. Não sei se o público vai achar belo quando eu disser que o cara
ejaculou muito no rosto da moça e, depois, ela pegou um consolo de 30cm e
enfiou todo nele. Aí, dois rapazes fazem um 69 e o casal começa a enfiar coisas
neles [nos que estão no 69]. Um bode passa correndo com camisinhas nos chifres
e o anão montado no bode se masturba impondo um pênis de 20cm.
Caramba!!
Que suruba nervosa!! Melhor, não!
Penso
um pouco mais um pouco e começo a ver um cara gordo, sentando de frente para o
computador. A perna tremendo. Fumando um cigarro freneticamente. Deve ser o
último cigarro da Terra. Acho que escreverei uma história sobre um futuro
pós-apocalíptico. O homem nervoso e seu último cigarro da Terra. Será o último
homem da Terra também? O que dizimou tudo?
Olhando
com mais calma, vejo que sou eu mesmo. E o que está dizimado são minhas ideias!
Então, tenho a grande revelação!
Cheguei
aqui, na história do contador de história que não sabe qual história contar,
então, utiliza o meio mais safado que todo contador de história – safado –
utiliza quando não sabe que história contar: contar uma história sobre a falta
de ideia pra contar uma história.
É
clichê; é fácil [pelo menos, para os contadores de histórias. Principalmente,
os safados!]; sempre segura a audiência, pois o público quer acreditar que,
desta vez, será diferente [mas não será]; e o contador ganha tempo até a
próxima história [qu’ele jura que vai ser diferente e especial! Mas também não
será!].
No
entant- -
Só
um instante. ‘Tou ouvindo um barulho vindo da outra sala. Vou lá ver o que é.
Volto já.
***
Oi!
Tem alguém aí? O quê??!! Mas o que significa isso??!! Ó meu deus... Que são
vocês?! Não! Não!! Não!!! Não!!!!
*bip-bip*
aaahhhhh *pew-pew* ai, ai, ai *roawww* aaaaiiiiiiiii...
*haHaHahahaAhAAhahahHAHaHAHa* Para!!! *miolooosss...* Sai daquiiii... *Você
disse qu’ela iria me amar pra sempre!!* Deixa disso!! *Vem cá qu’eu vou te
f#der gostoso!!* Socorroooooooooooo...
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