sábado, 1 de agosto de 2015

Histórias


por Danilo Maia 
Coluna: Faça [P]arte de tudo



Esta história deveria ser uma ficção científica. Porém, por falta de recursos para bancar todos os computadores com luzinhas e *bips*, naves e robôs, tiros com armas lasers, logo foi descartada tal possibilidade. E eu não quero fingir que o elemento humano é o mais importante do que toda a parafernália só porque não posso pagar por isso. Queria sim, uma ficção de ponta!
Sem grana, sem pirotecnia, sem história.
Daí, eu resolvi ir para o terror. Possessão, demônios e afins, não dá. Sou católico demais!; Usar crianças me dá nos nervos; Zumbi, nem pensar!! Tenho um nojo danado daquele povo caindo aos pedaços. Sem contar a parte do canibalismo [S’eles já não são mais seres vivos, é correto ainda considerar tal ação como canibalismo?!]; Palhaços-monstros é uma coisa que não se deve fazer. Palhaços são felizes, gente. E nos deixam felizes também!
Histórias em casas sempre rendem bons sustos. Só que a cada quarto ou curva do corredor dentro da casa, ia me dar um nervoso. Sabe aquela prévia do susto que ‘cê sabe que vai levar, se prepara pra levar e mesmo assim, salta da cadeira de tão forte que é o susto? Pois é. Sem chances, sou cardíaco. Eu morro de medo e sabia que não ia passar da linha dois.
Mais uma vez, ideia abortada.
Uma história de amor seria legal. Mocinho popular e destemido enfrenta tudo e todos só para ficar com mocinha indefesa.
Mas quando você analisa bem, parece uma coisa meio obsessiva da parte do cara. Esse lance de “destemido”, na verdade, é um eufemismo para um sujeito bully, psycho e stalker [perdoem-me por todos os termos em Inglês!]. Logo, não tenho certeza s’esse cara é tão “mocinho” assim. E a mocinha, coitada, coagida por uma pessoa dessas, se sujeita a viver uma relação abusiva, opressora e tudo o mais. Tudo em nome de um romantismo que deveria ter ficado lá com Shakespeare. S’ela tiver lido os livros certos, nem é indefesa, vai dar um pé na bunda desse sujeito e correr atrás da felicidade dela como melhor lhe convém. Sei lá, sendo uma empresária de sucesso, namorando outras pessoas [garotos e garotas ou quem ela bem entender!], tendo um filho sem precisar de um marido ou não tendo filho coisa nenhuma!, ou só vivendo a vida como achar melhor. Portanto, nada de juntar esses dois. Cara mais obsessivo, gente...
Talvez, algo erótico. Um quarto e um casal. Uma música suave, vento balançando as cortinas semitransparentes, o som da pele roçando nos lençóis de seda, gemidos e toques... Tudo em busca de um gozo transcendental. Mas eu só sei escrever pornografia. Não sei se o público vai achar belo quando eu disser que o cara ejaculou muito no rosto da moça e, depois, ela pegou um consolo de 30cm e enfiou todo nele. Aí, dois rapazes fazem um 69 e o casal começa a enfiar coisas neles [nos que estão no 69]. Um bode passa correndo com camisinhas nos chifres e o anão montado no bode se masturba impondo um pênis de 20cm.
Caramba!! Que suruba nervosa!! Melhor, não!
Penso um pouco mais um pouco e começo a ver um cara gordo, sentando de frente para o computador. A perna tremendo. Fumando um cigarro freneticamente. Deve ser o último cigarro da Terra. Acho que escreverei uma história sobre um futuro pós-apocalíptico. O homem nervoso e seu último cigarro da Terra. Será o último homem da Terra também? O que dizimou tudo?
Olhando com mais calma, vejo que sou eu mesmo. E o que está dizimado são minhas ideias! Então, tenho a grande revelação!
Cheguei aqui, na história do contador de história que não sabe qual história contar, então, utiliza o meio mais safado que todo contador de história – safado – utiliza quando não sabe que história contar: contar uma história sobre a falta de ideia pra contar uma história.
É clichê; é fácil [pelo menos, para os contadores de histórias. Principalmente, os safados!]; sempre segura a audiência, pois o público quer acreditar que, desta vez, será diferente [mas não será]; e o contador ganha tempo até a próxima história [qu’ele jura que vai ser diferente e especial! Mas também não será!].
No entant- -
Só um instante. ‘Tou ouvindo um barulho vindo da outra sala. Vou lá ver o que é. Volto já.
***
Oi! Tem alguém aí? O quê??!! Mas o que significa isso??!! Ó meu deus... Que são vocês?! Não! Não!! Não!!! Não!!!!


*bip-bip* aaahhhhh *pew-pew* ai, ai, ai *roawww* aaaaiiiiiiiii... *haHaHahahaAhAAhahahHAHaHAHa* Para!!! *miolooosss...* Sai daquiiii... *Você disse qu’ela iria me amar pra sempre!!* Deixa disso!! *Vem cá qu’eu vou te f#der gostoso!!* Socorroooooooooooo...

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