quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A Rainha da Neve

Coluna Textos Curingas


Hans Christian Andersen


Era uma vez, uma linda fada, a Rainha da neve. Ela vivia nos picos mais altos e mais solitários dos alpes. Os moradores das montanhas próximas e os humildes pastores que se atreviam a subir e admirá-la não resistiam à sua beleza e facilmente se apaixonavam pela rainha. Infelizmente, havia sido dito que nenhum mortal jamais poderia se casar com a bela fada e, da mesma forma, ela não poderia se apaixonar por ninguém ou então uma grande desgraça cairia sobre todos os povos e criaturas das montanhas.

Mesmo que algo ruim pudesse acontecer, ainda existiam homens dispostos a tentar conquistar o coração da rainha. Em uma das vezes, um dos tão corajosos homens da vila se atreveu a subir por toda a montanha e entrar no palácio. Ao chegar, se ajoelhou a frente da rainha pedindo sua mão e no mesmo momento ela ordenou que milhares de  seus fieis goblins agarrassem o homem. Depois disso, eles o empurraram em direção às rochas que ficavam no fundo do abismo, enquanto a rainha assistia aquela cena sem emoção alguma. Curioso o fato de que a rainha não era uma criatura cruel, na verdade, seu coração congelado era incapaz de sentir qualquer coisa. 

Sua lenda saiu das montanhas próximas e alcançou um pequeno vilarejo mais distante onde um caçador ficou encantado pela ideia de um grande palácio de gelo e sua rainha. Fascinado, ele decidiu tentar a sorte. Deixou seu vale, viajou dias e escalou montanhas desafiando o pior dos invernos de sua vida. 

Toda vez que pensava em desistir, se deixava levar pelo pensamento adorável da rainha e isso lhe dava forças para continuar a escalada. Finalmente, depois de mais alguns dias ele finalmente viu as transparentes e altas torres do palácio. Quando alcançou sua entrada, juntou toda sua coragem e adentrou a sala do trono. Ele ficou não encantado pela beleza da rainha que não conseguiu pronunciar uma palavra. Tímido, ele apenas se ajoelhou e continuou a admirá-la. Já que o homem não havia a pedido em casamento, a rainha não chamou seus goblins, e passou, da mesma forma que ele, a admirá-lo. 

Para sua surpresa, uma sensação estranha tomou conta de seu congelado coração e percebeu que estava começando a gostar do tão jovem e belo caçador. O tempo passou e ao que parecia ela se sentia cada vez mais apaixonada pelo homem, entretanto, não se atrevia a admitir, nem mesmo para si mesma, que era com ele com quem ela gostaria de se casar.

Os goblins, que sempre vigiavam sua amada rainha, começaram a se preocupar. E se ela se casasse? Que coisa horrível o destino havia preparado para esse momento? Preferiram não arriscar e ajudar a rainha a se decidir. Em certa noite eles se uniram e foram aos aposentos do jovem caçador. Fizeram uma roda ao seu redor e depois de desacordado, carregaram ele até a beira do abismo, atirando-a às rochas. A rainha, dessa vez, assistiu a cena da janela, mas não havia nada que pudesse fazer agora. Ela então saiu no frio daquela noite, e se debruçou sobre a beira do abismo, ao ver o corpo do homem que amava, seu coração gelado se derreteu e uma lágrima caiu de seus olhos. 

Quando a gota alcançou a pedra, um pequeno broto começou a crescer parecido com uma estrela, até que finalmente se tornou uma bela flor. Essa pequena plantinha tem o nome de Eldevais, uma flor branca que costuma crescer apenas nos mais altos e inacessíveis alpes, bem a beira do abismo.

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