Há vilões e heróis entre nós VI

por CA Ribeiro Neto - Twitter

coluna: Da nossa opção por voar

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Sandra não andava bem de saúde. Era uma eterna coriza todos os dias ao acordar, enxaqueca enquanto não tomava café, uma pontada no calcanhar esquerdo que a fazia dar uma leve mancada, quase imperceptível, se não fosse o olhar apaixonado do Gustavo, seu colega de trabalho. No começo de junho, ele preparou um suco de limão e a convidou para tomar na merenda da tarde. No meio do papo, a convidou para um café no final de semana, na cafeteria mais bela da cidade. No café, ele quis lhe dar um presente: uma sapatilha confortável especial nos calcanhares.

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Seu Elias e D. Marina estão desde sexta na correria: ele já foi no mercado mais de uma vez, sempre falta um ingrediente a mais para comprar. D. Marina se revezando entre todos os quitutes que está preparando e a arrumação da casa, comida de vó tem que estar impecável e o chão pras crianças se esparramarem tem que estar brilhando. Seu Elias tenta ajudar, mas a falta de prática e a dor na coluna não ajudam. O que é cortar batatas e cenouras em cubinhos para quem tem que preparar um cozidão completo? Mas, enfim, no domingo, os filhos - com seus filhos - chegam e todos ganham e recebem beijos. Seus meninos, tudo com mais de 30 anos nos couros, em uma rápida reuniam à voz miúda comentam a paz e alegria nos olhar dos velhos, na certa devem estar entediados.

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Norminha escreveu um bilhetinho, chamou Ciço e disse para entregar ao seu amigo secreto. Ciço, óbvio, saiu correndo até encontrar Edgar, lhe passar a encomenda e perguntar o que tinha dentro: "Edgar, você podia ter colocado qualquer letra, eu conheço a tua escrita. Se quer mesmo ajuda do santo, nosso primeiro encontro pode ser na aula da crisma."