sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Sobre o fantástico movimento das rotinas

por Victor Hudson
Coluna: A vida é um dia


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Alguns textos meus começam pelo título. Alguns não, vários. Esse não é exceção. Geralmente começam assim: com uma conexão entre algo que eu li, escutei, assisti, imaginei, sonhei, ou mesmo alguma coisa absurdamente fantástica, sedutora e fora do meu horizonte, do meu bolso, da minha timeline, da minha rotina.

O movimento fantástico das rotinas está sempre por aqui. Perdido entre o que passa desapercebido e o que vivemos repetidamente em nosso infinito particular, ocularcentrista e tedioso. De tempos em tempos, me comove sua persistência em me fazer entender que a hora certa de mudar – para nós - nunca chega, nunca vem e, no entanto, nunca sai de nós. O iceberg da transformação dos nossos dias emerge, para além da penumbra de sua ponta, tão rápido quanto afunda.

Já diria Heráclito, “tudo flui, nada repousa”. Assim, o movimento fantástico das rotinas impregna as coisas que efetivamente não podem ser compradas e expostas em prateleiras de supermercado. Estão no intangível, atrás do véu do cotidiano. A rotina adormece e a retina nos desperta. Nunca se sabe. Mas amanhã será um novo dia, e estaremos lá. Dá pra sentir. Então, nos lançando ao mar de novas ideias e ações, quem sabe percebamos que antes caminhávamos numa ilha.

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