sábado, 17 de dezembro de 2016

Duas formas de perceber

por:
Hermes de Sousa Veras
Ligeiramente sombrio. No mais, consideravelmente feliz e tropical.
Coluna: Etnoliteratura



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Você viu? Linda, aquela mulher!

– E não é? O cabelo perfeito. E a cor, então? Que bom que a Faculdade Tal está pensando na representatividade em sua publicidade.

– Como assim? Ela era linda mesmo, mas que faculdade? Ela estuda lá? Você a conhece?

Somos de maioria negra, e as empresas insistem em nos apresentar pessoas brancas, loiras, sorrindo com cara de sádicos para nós. Essas funerárias são campeãs nisso.

– Eu concordo contigo, mas não estava falando de nenhum cartaz não, era da moça mesmo!

– Mas ela estava em um outdoor! Não estamos falando da mulher negra, de cabelos crespos, segurando um livro e sorrindo?

– Estamos falando da mulher negra, de cabelos crespos, linda, sentada na parada de ônibus, segurando alguns livros. Não reparei em nenhuma propaganda não.

– E eu não vi nenhuma mulher de verdade, só da fotografia!

3 comentários:

Emmanuel Lopes disse...

Me representa. Mas o que há de representar, quando não há o que se apresente?
Mulher negra,
Na faculdade
Na realidade...
só na fotografia

Unknown disse...

Gostei demais...

Unknown disse...

Gostei demais...