por Fábio Rabelo Rodrigues
E-mail: fabiorr87@hotmail.com
Coluna: Linguagem para Amar e Ruminar
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Coluna: Linguagem para Amar e Ruminar
Pensando bem, eu já
poderia até começar uma série, pois hoje fica um outro poema
resgatado da gaveta. Desta vez, nem tão antigo, mas que conta também
de um lugar de afeto tão antigo quanto possa inventar uma memória.
Canto do mundo
aqui, enumeração
de coisas indecisas...
entumecidos corações
fechando as portas de casa,
e os jornais não
dizem de como cultivar amoras.
aqui, dizem, há
outras coisas, urgentes, inadiáveis.
mas como quem
perdesse o caminhar,
eles ou eu
prostram-se às bancadas, às mesas de cozinha,
e o mundo ali é
sempre outra coisa,
é aquilo com que
acordamos no dia seguinte,
ou a terrível
liberdade de estar só.
talvez espanto
houvesse, mas eu não estava lá.
havia a terrível
distração de não dar pelas coisas.
aqui, as leis, como
assim lhas chamassem, eram eternas,
embora não
existissem de fato.
aqui, havia o riso
obscuro onde cabia a tua boca
e o que havia para
mim não era mais do que a tua boca.
aqui, onde os olhos
são pérolas
e o mar é sempre
onde as ruas descem,
os homens têm os
corações repartidos.
mas se não passasse
desatento
saberia que ainda há
cajueiros na cidade.
fortaleza não cabe
nos braços nem na memória.
mas ao contrário
das leis, fortaleza existia e existia o teu
corpo dobrando as
ruas da cidade.
hoje, só há um
poema que não vale o nome,
nem que eu pagasse o
título que nele há de estar.
P.s.: Próximo mês,
retorno aos perfis poéticos.
Um comentário:
és um xamã, amigo.
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