Maria Freire
Coluna:
Lá
ia ela caminhando sem rumo pela estrada, mil pensamentos agitavam em sua
cabeça. Pensava aflita na felicidade que desejava e que não tinha alcançado.
Sentia-se triste e incompreendida em um mundo que não lhe pertencia e se
perguntava o que a obrigava a ir sempre mais longe naquela estrada longínqua
e triste, mas não encontrava respostas.
Ela caminhou por anos naquela
estrada e parecia que sempre seria assim, andar sozinha, descolada e
incompreendida. Por horas parecia que ela era errada no mundo. E isso
despertava nela uma tristeza, que nada lhe tirava a dor que estava passando. Ficava
remoendo pensamentos ruins, carregando mundos invisíveis que pesavam sobre os
seus ombros. E algumas vezes, a dor era tanta que ela precisava sair de alguma
forma, por isso as lágrimas lhe caiam do rosto e ela permanecia naquela estrada
sem rumo.
Diversas vezes tentou sair daquela
estrada, mas por mais que tentasse sair, não conseguia, pois ela era atraída pelas
falsas esperanças que a estrada oferecia.
Um dia, enquanto ela caminhava,
percebeu o vento, que passava pelo mesmo caminho, com o seu sopro secando as
lágrimas em seu rosto triste. Ela tentou desviar-se do vento, pois ela não
queria nenhum intruso no seu caminho.
Mal sabia ela que aquele vento a
surpreenderia e mudaria todo o seu caminho e pensamentos. E antes que ela
conseguisse seguir o seu caminho sozinha, o vento sussurrou em seu ouvido que
ir mais longe e caminhar por aquela estrada não é a necessidade de lutar com os
seus limites. Ir mais longe é algo mais simples e íntimo: é o instinto de
existir na natureza à sua maneira. Um instinto que a mantém acordada à noite,
que a ilumina e a entusiasma. E não
segui-lo seria o mesmo que trair a si mesmo.
Hoje, ela sabe que, mais importante que
caminhar, é conseguir se sentir plenamente viva imersa em um espaço aberto,
livre de estradas. Ela não caminha mais por aquela estrada, mas segue sopro do
vento que a fez conhecer quem ela é.
4 comentários:
Muito lindo esse texto,sei muito bem como é se sentir assim, ainda bem que não encontra-se mais presa nessa estrada , deixar o vento nos conduzir nos faz muito bem.Adorei o texto esta de parabéns.
Bela estreia!
Espero que continues por aqui. É bom ter mais uma escritora no Vem! Adorei o texto alegórico.
Ficou ótimo. Parabéns!
Postar um comentário